Nesta postagem vou explicar passo a
passo como escolher e delimitar um tema para a monografia. Mesmo que você já
tenha um tema para o trabalho, sugiro que leia esta postagem, pois nela pode encontrar
algumas informações importantes que podem deixar o seu tema ainda melhor. Caso
você não tenha um tema definido ainda, não se preocupe, após ler este manual de
“escolha e delimitação do tema” saberá exatamente como escolher e delimitar
corretamente o assunto que desejar.
Antes de tudo, é de suma importância
que distingamos “tema” de “tema delimitado”, isto é, devemos saber a diferença
entre os dois. Muito embora a diferença entre estes dois termos seja grande,
acaba gerando um pouco de confusão na cabeça dos alunos. Embora a explicação seja um pouco grande, constitui um manual descomplicado para escolher e delimitar seu tema, então se dedicar tempo para leitura, com certeza chegará a um tema bem escolhido e, adequadamente, específico.
... Afinal, qual a
diferença entre “tema” e “tema delimitado” na monografia?
Tema é algo mais abrangente, algo sobre
o qual há muito que se abordar e analisar. Já o tema delimitado, como o próprio
nome já pressupõe, é o próprio tema, entretanto delimitado. Como assim,
delimitado? É quando acontece de algo abrangente ser voltado para algo
específico; é quando falamos não sobre toda essência e aspectos de um tema, mas
focamos uma de suas peculiaridades para falar a respeito.
Nada melhor que um exemplo para
explicar a diferença entre um e outro. Vamos, pois, analisar um, abaixo:
Tema: Filosofia no ensino médio;
Tema delimitado: Vantagens da inserção da
filosofia na grade curricular de alunos de segundo grau de escolaridade no
Brasil.
Com efeito, percebemos a notável
diferença entre o tema e sua delimitação. O tema serve apenas para que o
elaborador da monografia, assim, também, como o orientador e os professores da
banca tenham noção do que se tratará o trabalho. No entanto, dizer que o trabalho
se trata, apenas, de filosofia é a mesma coisa que dizer a alguém que acaba de
pedir o endereço de sua casa, que você mora no Brasil. Um tanto estranho, não
é?
Imagine só, alguém que estuda junto com
você – na mesma instituição de ensino – pergunta onde você mora; e logo vem a
resposta: “No Brasil”. Não deixa de estar certo, você realmente mora no Brasil,
todavia o que ele pediu, na verdade, foram informações específicas, como nome
da cidade, do bairro, da rua e número da casa. Esta mesma situação pode ser
retratada na delimitação do tema na monografia. Falar de filosofia implica
muitas possibilidades. Podemos falar sobre importância da filosofia, suas
desvantagens, sua história, seu conceito etc. Várias possibilidades.
Agora que já sabemos qual a diferença
de um e outro, podemos começar a entender como escolher um bom tema delimitado.
Antes de tudo, é necessário ter um tema em mente, porque não podemos delimitar
algo que ainda não temos ideia do que é, certo?
ESCOLHENDO O TEMA
Alguns podem fazer-se a pergunta: mas
como eu escolho o meu tema? Pois bem, para a escolha do tema não tem segredo,
até porque é algo abrangente, o que faz com que não se exija tanto de alguém
para fazer tal escolha. A única regra que eu deixo é a seguinte: escolha um tema
com o qual você tenha afinidade, facilidade e sobre o qual tenha conhecimentos
ou domínio, no mínimo, razoáveis.
Veja bem, esta regra, na verdade, é uma
dica; siga-a se você quiser. Mas eu aviso que querer falar sobre algo que você
não tem conhecimento nem algum domínio vai fazer com que perca muito tempo
pesquisando a respeito do tema. Todo este tempo que você pode levar para
pesquisar sobre o assunto, bem como para abordar suas principais
características – depois de muito estudo – poderia ser voltado para a própria
elaboração da monografia.
Claro que quando queremos
elaborar um bom trabalho, a pesquisa sobre o assunto deve ser um pouco maior
para que a escrita/digitação da monografia seja mais fácil. No entanto, quando
se escreve uma monografia pela primeira vez, o simples fato de ter de fazer um
trabalho deste gênero já é um desafio, por ser a primeira experiência. Para tanto,
isto é mais um motivo para você seguir a minha dica para escolha do tema.
Lembre-se das palavras: afinidade, facilidade e conhecimento.
Outro aspecto sobre o qual me sinto na
obrigação de falar é que achar e escolher um tema “legal” não significa que
você vai lidar bem com ele, nem, tampouco, que vai elaborar, necessariamente,
uma ótima monografia. Também reitero que escolher um tema porque trabalha na
área pode não ser adequado.
Conheci uma pessoa a qual estava se
formando em engenharia de computação e escolheu elaborar um programa muito
complexo, como tema de sua monografia. O tema era: controle de tráfego de rede. Resumindo, seria um programa que
serviria para supervisionar sobrecargas de tráfego existentes em uma rede de
computadores monitorada. Porém, a pessoa não tinha tantos conhecimentos na área
e sabia que, em certo ponto do trabalho, teria problemas para continuar
elaborando-o. Isto sem contar que este trabalho era sua primeira experiência
com um trabalho de gênero técnico-científico. O resultado disso foi que, após
escrever 45 páginas de trabalho, a pessoa se deu conta que não teria condições
de terminar o trabalho e o software e mudou de tema.
Tudo isso por não escolher um tema que
tem condições de elaborar. 45 páginas jogadas fora. Esforço em vão. Mas veja
bem, não é meu objetivo e nem quero afirmar a impossibilidade de escolhermos um
tema alheio a nossos conhecimentos, estudá-lo e elaborar um bom trabalho, mas a
escolha de um tema fácil facilita muito a elaboração. Acredite, vale a pena.
Portanto, se você escolheu um tema que
não se encaixa muito no seu perfil, sugiro que o mude agora. Caso ainda não o
tenha em mente, escolha algum antes de passar para a próxima etapa que é a de
delimitação do tema. Veja alguns exemplos de assuntos:
·
Autodidatismo;
·
Filosofia contemporânea;
·
Criação de braço mecânico;
·
Elaboração de software;
·
Análise da metodologia pedagógica;
·
Anemia na gravidez;
·
Simulador de voo;
·
Contabilidade gerencial;
·
Estratégias empresariais;
·
Células embrionárias;
·
Criminologia e análise do direito penal;
·
Finanças pessoais;
·
Redes sem fio de computadores;
·
Marketing.
Estes são apenas alguns exemplos de
temas que podem ser escolhidos e, posteriormente, delimitados.
O PAPEL DO ORIENTADOR NA ESCOLHA DO TEMA
É comum os principiantes em atividade
acadêmica ficarem um pouco submissos à opinião de seu orientador de monografia,
pensando que o tema que ele sugerir é o que deve ser, incontestavelmente,
seguido. Com razão Ciribelli (2003, p.91) diz que muito embora o orientador
seja de grande importância para escolha de um tema adequado, não é sisudo
considerar e aderir a todas as suas dicas e recomendações.
Veja bem, não é minha intenção criar
uma discórdia entre você e seu orientador, muito pelo contrário. É fundamental
levar em consideração todas as suas observações e opinião no que diz respeito
ao trabalho, sobretudo se o tema escolhido por você corresponder à área de
atuação do orientador. Ele vai guiá-lo em todo decurso da confecção do trabalho,
coadjuvando-o através da concessão de informações valiosas para aumentar a
qualidade técnica e metodológica da pesquisa.
O que apenas deve ser frisado é que, em
relação à escolha do tema, você deve deixar bem claro não somente o assunto que
quer abordar, mas o que deseja que seja abordado ao longo da elaboração das
linhas de investigação do seu trabalho. Só provendo o orientador de tudo a ser
encaminhado com o trabalho monográfico é que este estará sujeito a fornecer uma
orientação mais valiosa e, principalmente, proveitosa. O orientador pode, por
exemplo, nos alertar sobre: a escolha de um tema sobre o qual não há muita
bibliografia disponível; a dificuldade em abordar o assunto em questão; a falta
de originalidade devido à grande difusão sobre um assunto em outros trabalhos
de gênero técnico-científico; etc.
Dentre todas as orientações que o
orientador pode fornecer ao orientado (você), a mais importante, talvez, seja a
da possibilidade de não haver muita bibliografia disponível sobre o assunto (tema)
escolhido. Neste quesito, o papel do orientador constitui um elemento
imprescindível, visto que pode ser a primeira vez que o orientado adquire as
primeiras noções e experiências no bojo do trabalho de monografia. Assim sendo,
avalie bem a situação mediante à análise da dica cedida pelo orientador e, se
possível, troque de tema e submeta-o, novamente, à avaliação.
Por fim, digo que o orientador pode
exercer grande influência na qualidade final do trabalho técnico-científico, assim
também como pode sugerir, vez em outra, a escolha de um tema inadequado para
procedência da pesquisa. Não há regra a ser seguida no que é condizente à
adoção ou refutação da orientação dada pelo orientador. Entretanto, vou deixar
algumas dicas sobre as quais podemos refletir um pouco antes de submeter a
orientação do orientador a errôneas concepções:
1. Escolha um orientador que não esteja
orientando muitos alunos ao mesmo tempo: esta eu considero uma das
dicas mais valiosas, se caso o aluno tiver a oportunidade de escolha de um
professor para orientá-lo. Lembre-se que quanto menos alunos orientados de um
professor, mais tempo e energia este poderá dedicar para correções de seu trabalho;
2.
Humildade
para acatar os conselhos do orientador: existem alunos que não
aceitam as dicas sobre escolha de tema pelo orientador, tentando fazer
prevalecer somente os seus pontos de vista sobre determinado assunto. Se você
sabe que está errado e procede ao equívoco somente por não aceitar que o
professor disse, terá sérios problemas.
3.
Malícia
para saber até quando a opinião do orientador é adequada: não
é uma tarefa muito fácil para principiantes no campo acadêmico. Lembre-se que a
orientação é uma peça essencial, porém não irredutível.
4. Renunciar orientadores ruins:
estes tipos de orientadores se dividem em 2: os que não gostam de orientar e os
que não são adequados para orientar. O primeiro grupo é o pior: sempre criticam
e apontam erros onde não convém; mostram que somos muito imaturos
academicamente; além de, sempre, expressarem alguma indignação sobre um simples
erro no trabalho em suas correções. O segundo grupo, apesar de não ser tão
ruim, também é inadequado. Lembremo-nos que a monografia implica um trabalho de
gênero técnico-científico. Deste modo, escolher um professor de cálculo para
ser orientador de um aluno do curso de letras pode não ser tão vantajoso,
quanto proceder à escolha de um professor com conhecimentos técnicos na área.
Em suma, estas são as dicas mais
valiosas que deixo para você quando for escolher seu orientador para ajudá-lo
em toda a “caminhada acadêmica”. Desde a escolha do tema, até a apresentação do
trabalho, estas dicas podem ajudá-lo.
DELIMITANDO O TEMA
Agora que temos o tema em mão, e
sabendo como devemos proceder às recomendações do orientador, podemos partir
para delimitação do assunto (tema) escolhido. A partir do momento que você
delimita sua pesquisa, torna mais fácil a elaboração de seu conteúdo sintético,
bem como faz do seu trabalho algo objetivo, além, também, de ser uma regra nas
instituições de ensino. Em suma, delimitar o tema é o mesmo que falar sobre uma
parte específica de um todo. Vamos analisar um exemplo para estabelecer melhor
compreensão sobre a delimitação do tema:
Tema: Autodidatismo;
Delimitação: Estudo sobre procedimentos
autodidatas para aquisição de conhecimento.
Se analisarmos a delimitação acima
sobre o tema, também mencionado, poderemos perceber que não está devidamente
delimitado, isto é, não está delimitado de forma adequada. Em alguns casos que
vamos delimitar um tema, podemos ter em mente dois requisitos para assim
fazê-lo: onde e
quando.
Quando fazemos esta pergunta a nós
mesmo no momento da elaboração da delimitação, conseguimos delimitar melhor o
tema. No caso do exemplo citado acima, podemos dizer que se fizéssemos as duas
perguntas a nós mesmos, poderíamos delimitá-lo mais ainda, o que resultaria no
seguinte:
Tema: Autodidatismo;
Delimitação: Estudo sobre procedimentos
autodidatas para aquisição de conhecimento para alunos do segundo grau de
escolaridade da rede pública no Brasil no século XXI.
Podemos ver que o tema ficou bem mais
específico, o que, na maioria das vezes torna a elaboração do trabalho mais
fácil. No entanto, devo ressaltar que nem sempre poderemos seguir esta regra
para delimitarmos nosso tema. Algumas vezes conseguimos delimitar apenas no
espaço (onde?), enquanto em outras vezes conseguimos delimitar apenas no tempo
(quando?).
Vejamos um exemplo no qual não é
adequada a delimitação no tempo (quando?):
Tema: Marketing e vendas;
Delimitação: O uso de propagandas para
aumentar as vendas da loja X.
Neste caso, não há mais necessidade de
se delimitar o tema no espaço, pois é sabido que é uma melhora gradual de
vendas na loja X, independendo, também, de delimitação temporal. Não seria de
atitude prudente de nossas partes, por exemplo, delimitar este tema como: “O
uso de propagandas para aumentar as vendas da loja X (no século XXI?), (em um
contexto atual?), (na década de 90?) (etc?)”. Neste caso, a delimitação no
tempo caberia apenas se a monografia procurasse analisar como a propaganda
conseguiu aumentar as vendas da loja X numa determinada época.
Todavia, caso a monografia procurasse
apontar e sugerir o uso de propagandas para aumentar as vendas da loja X, não
caberia a delimitação temporal, pois é um processo constante e sempre atual. Por
isso, não faça desta dica de delimitação no espaço (onde?) e no tempo (quando?)
uma regra, mas uma ferramenta que o auxiliará na elaboração do seu tema
delimitado.
Levando em consideração o fato de que
esta dica não vale para delimitar todos os temas, alguns podem levantar o
seguinte questionamento: Mas como vou saber quando delimitar o tema no tempo e no
espaço? A resposta é simples: você simplesmente saberá. Faça a pergunta a você
mesmo (onde e quando?), caso não consiga responder a uma delas, é porque esta
delimitação específica pode não ser muito adequada para este tema.
Este tipo de delimitação é o mais
exigido em todas as instituições de ensino superior. Além disso, os professores
de metodologia científica orientam todos os alunos a seguirem esta regra da
delimitação espacial e temporal. No entanto, considerando que esta regra não
pode ser aplicada em todos os casos, eu elaborei uma pequena lista de palavras
que, em muitos casos, encaixam na delimitação de vários temas.
Você simplesmente adapta uma destas
palavras no seu tema para conseguir delimitá-lo melhor. As palavras são as
seguintes:
·
Importância;
·
Relevância;
·
Vantagens;
·
Benefícios;
·
Aspectos;
·
Disposições;
·
Ensaio;
·
Ferramentas;
·
Procedimentos;
·
Técnicas;
·
Estudo;
·
Aplicação;
·
Influência (ou influição);
·
Uso; e
·
Prática.
Eu chamo estas palavras de
palavras-chave de delimitação do tema. Elas ajudam muito você a delimitar o
tema. Então o que você tem que fazer para escolher e delimitar seu tema, de
forma que a elaboração da monografia fique mais fácil, é o seguinte:
1. Escolher
um assunto com o qual você tenha afinidade, facilidade e sobre o qual tenha
conhecimento;
2.
Delimitar o tema no tempo e/ou no espaço;
3. Encaixar
uma ou mais palavras-chave no seu tema parcialmente delimitado no tempo e/ou no
espaço.
Garanto que se seguir estes três passos
simples, além de conseguir delimitar o tema de forma objetiva, não terá
problemas para elaborar a monografia nem, tampouco, terá problemas para passar
pelas outras 5 etapas imprescindíveis para elaborar a monografia de forma fácil
e descomplicada.
No entanto, devo ressaltar que estas
palavras-chave servem apenas de um complemento e ajuda na hora da delimitação
do tema. Deste modo, não é aconselhável utilizar mais de 4 palavras-chave de
delimitação no tema do trabalho. O tema delimitado, muito embora, vez em outra,
seja grande, deve ser o mais objetivo possível, de modo que ao lê-lo,
entenda-se do que se trata aquele trabalho de gênero técnico-científico.
Antes de irmos para a próxima e segunda
etapa, isto é, para a etapa de pesquisa de bibliografia disponível, vamos
analisar alguns exemplos de delimitação utilizando os 3 passos descritos acima:
EXEMPLO 1
Passo 1
(Conhecimento, afinidade e facilidade): Recursos humanos nas
micro e pequenas empresas;
Passo 2 (Onde?
Quando?): Recursos humanos nas
micro e pequenas empresas no Brasil [espaço = onde?];
Passo 3
(Palavras-chave): Importância e vantagens
da aplicação dos conceitos e ferramentas da ciência de gestão de
pessoas nas micro e pequenas empresas no Brasil. [palavras-chave sublinhadas].
__________________________________________________
EXEMPLO 2
Passo 1
(Conhecimento, afinidade e facilidade): Contabilidade gerencial;
Passo 2 (Onde?
Quando?): Contabilidade
gerencial nas grandes empresas do Brasil [espaço = onde?] no ano de
2010 [tempo = quando?]
Passo 3
(Palavras-chave): Contabilidade gerencial: um ensaio
sobre os benefícios econômicos gerados pela aplicação da
contabilidade gerencial nas grandes empresas do Brasil no ano de 2010 [palavras-chave
sublinhadas].
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EXEMPLO 3
Passo 1
(Conhecimento, afinidade e facilidade): Linguagem corporal em
entrevistas seletivas;
Passo 2 (Onde?
Quando?): Linguagem corporal em
entrevistas em setor de departamento pessoal de empresas do setor industrial
[espaço = onde?];
Passo 3
(Palavras-chave): Influição do uso da leitura corporal na seleção de
candidatos mais capacitados para cargos no setor de departamento pessoal de
empresas do setor industrial [palavras-chave sublinhadas].
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EXEMPLO 4
Passo 1
(Conhecimento, afinidade e facilidade): Feedback
Passo 2 (Onde?
Quando?): Feedback no setor de produção das indústrias dos EUA
[espaço = onde?]
Passo 3
(Palavras-chave): A prática assídua do feedback no setor de produção nas
indústrias dos EUA como meio de aumento de produtividade empresarial [palavra-chave
sublinhada].
__________________________________________________
Em todos os exemplos podemos notar que
através dos 3 passos, a delimitação do tema se torna muito mais fácil de ser
elaborada. É sisudo lembrar que não façamos destes 3 passos uma regra, mas uma
ferramenta a qual nos auxilie na elaboração do tema delimitado.
O QUE NÃO DEVEMOS FAZER
É relevante ressaltar que na hora da delimitação
do tema, não podemos utilizar alguns adjetivos ou expressões que exprimam juízo
de valor. Em linhas mais simples de explicação, é o mesmo que dizer que não
podemos dar características as quais se embasem em ponto de vista pessoal e que
não tenham relevância científica.
Segundo Agatti (1977, p.99-104), juízo de valor
enuncia algo suscetível a refutação. Ou seja, enquanto um indivíduo dá um valor
que este considere adequado para alguma coisa ou situação, outra pessoa pode
dar um valor totalmente contrário àquele atribuído, outrora, por outrem. Este tipo
de juízo diz respeito aos âmbitos moral, artístico, político, religioso e
pessoal.
Já Chaui (2000, p.431) diz que juízos de fato
são todos aqueles que dizem o que as coisas são, como são e por qual razão são;
pode ser encontrada no âmbito metafísico e científico (que é o gênero da
monografia).
Dizer, por exemplo, que uma mesa (de
madeira) é ‘de madeira’ é um juízo de fato; é o que a mesa realmente é; sua
essência; algo irrefutável. Dizer que a mesa (de madeira) é ‘bonita’ ou ‘grande’
é expressar juízo de valor; é uma opinião que nem todos podem concordar ou a
qual poucos podem consentir.
É este tipo de juízo (de valor) que
deve ser evitado ao elaborar não somente o tema do nosso trabalho, mas toda a
monografia. Não condiz com o âmbito científico. Existem várias palavras que
expressam este tipo de juízo (de valor), entretanto, vamos analisar as mais
utilizadas (inadequadamente, já que se fala de trabalho científico) nas
monografias e, sobretudo, na elaboração de delimitação de tema e problema de
pesquisa:
·
Bom;
·
Mau;
·
Melhor;
·
Pior;
·
Certo; e
·
Errado.
Estas e outras palavras que expressem
opinião refutável não devem ser utilizadas ao longo da elaboração do projeto e
monografia. Outras palavras que não podem ser utilizadas são o verbo “dever” e
o advérbio “como”, pois expressam um problema de engenharia. Segundo Gil (2002,
p.24), problemas de engenharia não averiguam como as coisas são, suas
consequências e causas; no entanto, indagam acerca de como fazer as coisas.
Em uma monografia, na qualidade de um
pesquisador científico, pretendemos dar solução a algum problema, e não mostrar
“como” fazer alguma coisa.
Vamos analisar 2 exemplos de
delimitação de tema elaborados de forma inadequada:
EXEMPLO 1: JUÍZO DE VALOR
Errado: Contabilidade gerencial: um ensaio
sobre a melhor forma de aplicar os princípios da contabilidade gerencial
nas pequenas empresas [juízo de valor sublinhado];
Certo: Contabilidade
gerencial: um ensaio sobre as consequências e causas da aplicação dos conceitos
da contabilidade gerencial nas pequenas empresas.
__________________________________________________
EXEMPLO 2: PROBLEMA DE ENGENHARIA
Errado: Autodidatismo: qual a forma de (como)
aprender mais em menos tempo [uso de advérbio de modo sublinhado; pressupõe-se
uma maneira a ser seguida];
Certo: Autodidatismo:
relação de empregabilidade e reconhecimento entre autodidata e portador de
diploma de ensino superior.
__________________________________________________
Estas
são apenas 2 situações entre várias outras nas quais é possível identificar um tema
alheio ao empirismo científico. Embora se tenha mudado o foco do trabalho por
entremeio da correção de seu tema, é o certo a se fazer. Caso isto aconteça com
você, não se preocupe, melhor mudar um pouco o foco (para o âmbito científico),
do que continuar com um trabalho voltado para questões de engenharia e/ou de
valor.
Espero que as dicas tenham servido de alguma coisa para que vocês entendam toda a dinâmica científica para escolha e delimitação do tema. Caso os tenha ajudado, peço que cliquem em um dos anúncios ao lado para ajudar.
Obrigado pela atenção.
Nossa obrigado pelas dicas, estão bem explicadas, estava muito confusa de como escolheria o tema para o TCC, mas com suas dicas esclareci muitas dúvidas. Grata!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMuito boas essas dicas,me ajudaram muito. Gratidão!
ExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirQuaisquer tipos de propagandas estão sujeitas à prévia aprovação, por escrito, pelo proprietário do Blog
ExcluirÓtimo. Parabéns. Me ajudou muito. Obrigada!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirSem propagandas...
Excluiramei as dicas. Valeu.
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirSem prévia autorização, sem propaganda.
ExcluirEstava com duvida sobre juízo de valor , ficou bem esclarecido obrigada!
ResponderExcluirSuper interessante!
ResponderExcluirMuito boa a explicação!
ResponderExcluirEste comentário foi removido por um administrador do blog.
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